'Em menos de uma semana ouvi dois comentários indiretos de pessoas que me conhecem apenas de vista. Um disse que sou meiga demais, outro que sou esperta demais. Pela entonação nenhum deles me pareceu positivo e também não estou nem um pouco incomodada por isso – ninguém é unanimidade e não tenho qualquer pretensão de ser. Mas fiquei intrigada, pois: afinal, o que eu sou?

Dando uma olhada rápida pelo meu quarto chego à conclusão de que de fato devo ser um pouco mais terna do que outras meninas da minha idade. Tudo é rosa, delicado e tem um toque infantil. E não vejo perspectiva de que isso mude com o passar dos anos. As pessoas mudam, crescem, erram, aprendem e acertam, mas acredito que a nossa essência está imune a qualquer amadurecimento.

E eu sou assim. Viciada em cremes, maquiagens, aromas e perfumes. Apaixonada por literatura que retrate o universo feminino, doida por poesias que falam das coisas do coração. Mas com uma vaidade e uma feminilidade que não estão em busca de uma perfeição surreal. Não exijo de mim mais do que posso ser. Não mais. Meu lado mulher não busca agradar ninguém que não seja eu mesma. Eu me cuido para mim, me perfumo para mim, me arrumo para mim. Pode me chamar de egoísta se quiser.

Sei que soa piegas, e na verdade é: sou daquelas que acredita no amor, ou melhor, naquele amor romântico de romances e filmes. No amor mais forte do que qualquer obstáculo, que pode tudo, supera tudo. Entretanto, uma rude contradição me fez um verdadeiro desastre em termos de relacionamentos. Nem o meu namoro do jardim de infância deu certo. Mas como sou uma romântica incurável acredito que ainda vou encontrar meu final – ou início – feliz.

Sou louca por risadas. Melhor ainda se eu puder unir a minha sede por gargalhadas com horas e mais horas dançando. E não importa se para isso a minha maquiagem escorra, meu cabelo se espalhe pelo meu rosto e eu pague um mico daqueles. Danço como se ninguém estivesse me olhando. Portanto, não me convide para ir a uma festa se você pretende ‘ficar na prateleira’, intocável. O tédio vai me levar correndo para casa.

E no meu lado festeiro, talvez exista alguma esperteza. Involuntária – garanto – infelizmente. Não olho quando chamam, vou para onde quero, quando quero, com quem quero e não faço nada que eu não queira muito. Não adianta insistir.

Não insista também em inventar pré-conceitos para mim, em me julgar sem me conhecer. Puxa, nem eu sei como eu sou. Tente me conhecer primeiro, ou melhor, desista. Esqueci de contar que, além de tudo, você nunca vai saber que ação ou reação esperar de mim. Sou ‘levemente’ imprevisível.'

[texto plublicado no blog Diário de Marcinha no dia 10 de maio de 2008.]
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